terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Ambientalistas preparam ofensiva contra 'capitalismo verde'

Meio Ambiente| 24/01/2012 | Copyleft

Ambientalistas preparam ofensiva contra 'capitalismo verde'

O seminário “Rumo à Rio+20: Por Uma Outra Economia”, reuniu diversas organizações para discutir estratégias de atuação até a conferência da ONU, quando também será realizada a Cúpula dos Povos. Presente na Rio-92, há 20 anos, Jean-Pierre Leroy revela uma preocupação: “O discurso da economia verde chega com uma força muito grande, como se fosse a única alternativa para o futuro. O problema é que aqueles que esmagaram os povos e estragaram os territórios são os mesmos que se apresentam como a solução do problema ambiental".

Porto Alegre – Definida como principal eixo de discussão do Fórum Social Temático 2012, a questão ambiental será objeto de diversos embates políticos durante os seis dias de evento em Porto Alegre. Com a tarefa de elaborar propostas que serão levadas em junho à Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), os participantes do Fórum apresentam visões distintas a respeito dos mecanismos da chamada “Economia Verde” que crescem em todo o mundo sem alterar substancialmente os modos de consumo e produção da humanidade.

O debate sobre as mudanças propostas pelo Congresso Nacional ao Código Florestal também é motivo de mobilização, e algumas organizações da sociedade civil querem que a presidente Dilma Rousseff assuma em Porto Alegre o compromisso de vetar os pontos considerados pelos ambientalistas como mais nocivos à política ambiental brasileira.

Na terça-feira (24), o seminário “Rumo à Rio+20: Por Uma Outra Economia”, reuniu diversas organizações para discutir estratégias de atuação até a conferência da ONU, quando também será realizada a Cúpula dos Povos, evento paralelo organizado pela sociedade civil que até agora já tem confirmada a presença de cerca de 10 mil pessoas.

Segundo Lúcia Ortiz, da ONG Amigos da Terra Brasil, a Rio+20 será o momento ideal para reverter uma perigosa tendência: “Corremos o risco tanto de acontecer um acordo da ONU quanto de se consolidar uma aceitação social da maior parte da população ao capitalismo verde. A transformação dessa realidade está ligada à capacidade de resistência da sociedade organizada. Uma outra economia só será possível quando a resistência conseguir barrar esse processo de mercantilização da natureza”, diz.

Diretora da ONG Fase, Fátima Melo ressaltou a importância de aproveitar a Rio+20 para “compartilhar práticas de experiências contra-hegemônicas” que acontecem em todo o mundo e “mostrar que é possível ter soluções anticapitalistas e de acordo com um outro modelo”. Para isso, foi decidida a realização, durante a Cúpula dos Povos em junho, de uma assembleia onde as diversas experiências serão relatadas para a adoção de uma estratégia comum de lutas pelas populações que já estão sendo de alguma forma afetadas negativamente pelo capitalismo verde.

Veterano do movimento socioambientalista brasileiro, presente na Rio-92 há 20 anos, Jean-Pierre Leroy revela uma preocupação: “O discurso da economia verde chega com uma força muito grande, como se fosse a única alternativa para o futuro. O problema é que aqueles que esmagaram os povos e estragaram os territórios são os mesmos que se apresentam como a solução do problema ambiental. Mas, a gente pergunta o que eles fizeram desde a Rio-92, e a resposta é nada. Não resolveram nada nesses 20 anos e vão resolver agora para o futuro? Esse discurso foi adotado pelos economistas e pela tecnocracia, e não há um debate social sobre isso”.

O objetivo do seminário e da articulação que está sendo feita no Fórum Social Temático, segundo Leroy, é reunir vários atores para se chegar a um acordo mínimo de ação contra a economia verde: “Não devemos transigir com a economia verde ou dizer que ela tem algumas coisas boas. Ou se propõe um outro modelo econômico ou essa economia, mesmo esverdeada, não tem futuro”, diz. Ele aposta no poder de mobilização dos movimentos sociais: “Não há total acordo ideológico entre nós, mas nossa aliança é firmada sobre práticas e experiências que nos animam a fazer a Cúpula dos Povos”, diz.

Código Florestal
Outra discussão que promete esquentar durante o Fórum diz respeito às propostas de alteração no Código Florestal brasileiro. Diversas organizações socioambientalistas presentes a Porto Alegre estão coletando assinaturas para a campanha “Veta, Dilma!”, que pretende convencer a presidente a vetar algumas das mudanças propostas. O objetivo dos ambientalistas é entregar um documento em mãos à Dilma, que tem participação no Fórum Social Temático prevista para quinta-feira (26). Na terça-feira (24), dezenas de militantes da ONG SOS Mata Atlântica fizeram um ato no centro de Porto Alegre, quando carregaram caixões representando a morte da política ambiental brasileira.

Coordenador da SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani afirma que o momento político é decisivo: “Do ponto de vista dos ambientalistas e dos movimentos sociais - e aí, eu incluo a academia e entidades como a CNBB e a SBPC - a questão do Código Florestal é muito mais grave do que discutir Reserva Legal e APPs. Nós estamos falando de coisas como a função social da terra, uma das maiores conquistas da Constituição de 1988, que agora foi rasgada pelas oligarquias rurais que tomaram conta do país e que continuam fazendo a farra do crédito agrícola com dinheiro do governo para promover um modelo que está esgotado”.

Segundo Mantovani, “a discussão do Código Florestal não é mais uma coisa de ambientalista versus ruralista”, mas uma luta de toda a sociedade: “Aqui no Fórum Social Temático, que é um evento preparatório à Rio+20, não podemos permitir um dos maiores retrocessos ambientais da história do Brasil”.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

LULA QUER MOBILIZAR INTELECTUAIS DA América Latina


 
LULA QUER MOBILIZAR INTELECTUAIS DA AL   Lula voltou à ativa.Com inquietação e desassombro. Está empenhado em formar a matriz intelectual da política de integração latino-americana. O assunto ocupou 3 horas de conversa entre o petista e o presidente do Uruguai, José Mujica, ontem em SP. Estava presente também  ex-secretário geral da Presidência, Luiz Dulci, coordenador para Assuntos da América Latina do Instituto Cidadania. "Estamos empenhados em formar um grupo de intelectuais e pensadores para dar corpo a uma doutrina de integração", disse Mujica. "Lula está preocupado em unir os intelectuais latino-americanos para construir a matriz de uma política de integração", concluiu o presidente uruguaio. O tema esteve sempre presente na agenda de Lula. Ainda no governo, na reunião da Unctad ,em  junho de 2004, em São Paulo, ele  oficializou a idéia, apresentada ao amigo Celso Furtado, pouco antes de sua morte, da criação de um Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento. Lula disse então na Unctad: "...Quero propor aqui, a criação de um centro internacional de políticas para o financiamento do desenvolvimento, com o nome de Celso Furtado.  Cada ciclo histórico tem sua usina intelectual de referência estratégica. Desejamos que seja criado um centro irradiador de projetos e políticas inovadoras no combate à fome, à pobreza e aos gargalos do desenvolvimento. Meu governo está disposto a prestar todo o apoio para construir uma fundação internacional de estudos e pesquisas com esses propósitos". Em 2005, já criado o Centro Celso Furtado, Lula voltaria ao tema em carta endereçada  à diretoria, composta então, entre outros,  por Luiz Gonzaga Belluzzo, Maria da Conceição Tavares e Rosa Freire D'Aguiar Furtado, na qual pede um esforço de articulação de intelectuais latino-americanos debruçada sobre  os desafios da integração: "Nenhum projeto dessa envergadura logra êxito sem o recurso de núcleos de reflexão que harmonizem as aspirações de uma época com os recursos ao seu alcance.  Conto com a contribuição do Centro Celso Furtado para arregimentar as energias intelectuais da América do Sul que permitirão fazer avançar, neste momento promissor da economia continental, um grande programa de desenvolvimento para o século XXI, capaz de superar a indigência intelectual das últimas décadas, reatar com a tradição teórico-política da qual Furtado foi a expressão maior e lançar as bases de um novo pensamento econômico para a região". Em 2008, o Centro Celso Furtado finalizou um ambicioso projeto de pesquisa sobre a integração regional. Coordenado pelo economista Ricardo Carneiro, o trabalho mobilizou intelectuais de vários países em torno de grandes eixos e gargalos do desenvolvimento regional. 
Leia aqui: http://www.centrocelsofurtado.org.br/arquivos/image/201109221533280.CD5_0.pdf

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

http://tabnarede.wordpress.com/

A mídia que estupra 

Quem não se lembra do filme The Accused (1988 – Jonathan Kaplan), protagonizado por Jodie Foster, que consagrou a atriz por uma interpretação notável? Filme aclamado pela crítica, impactante e polêmico em sua essência, narra a história de uma jovem, Sarah Tobias, que, após uma noite de diversão com as amigas, é estuprada por vários homens nos fundos de um bar. No desenrolar da trama, com o auxílio de uma advogada, Sarah, que no início é vista como “responsável” pela violência, consegue a condenação de seus agressores, reafirmando a tese de que, independente do flerte, da bebida, das roupas ou de qualquer outra coisa, estupro é sempre estupro. No enredo, vitoriosamente prevalece a máxima: sim significa sim e não significa não! Durante o julgamento, entretanto, outros agravantes foram mobilizados pela advogada para condenar também os cúmplices daquele terrível caso: o estupro de Sarah morbidamente contou com uma platéia entusiasmada que, aos gritos, incitava o ato de violência. A cada novo agressor, a platéia pedia “bis”.
Para quem esteve ligado nas redes sociais no último domingo (15/01/12), sabe que a lembrança do filme não é fortuita. Desde ontem, o assunto do suposto estupro sofrido por Monique em rede nacional no Big Brother Brasil não sai de nossas cabeças e nem de nossas timelines. A cena, para quem viu no pay-per-view, enoja, deprime e indigna. Uma mulher, desacordada e vulnerável, tem o seu corpo violado e invadido por alguém que, ao que tudo indica, não foi convidado. Aparentemente sem consciência e sem meios de reagir, a vítima estava entregue ao seu agressor, Daniel, em frente às câmeras, à equipe técnica e à enorme platéia do outro lado da televisão e do computador.  Aquilo que era feito nos fundos de um bar perde os seus “pudores” e se torna diversão pública e explícita na TV.
Muitas questões têm surgido desde que a cena virou polêmica nacional: Monique sabia o que estava acontecendo? Ela compartilhou as carícias de Daniel? Houve sexo? Ela se lembra do que ocorreu? A despeito dos comentários moralistas, machistas e misóginos – que me recuso a discutir, pois já estou farta de tentar argumentar com quem insiste na imbecilidade – outro fato me chamou a atenção: o papel da platéia nesse “show de horrores”. Quem estava presenciando a tudo e nada fez? A responsabilidade do ato, além de Daniel, se ficar comprovado o estupro, deve ser estendida a quem mais? Assim como os espectadores do estupro no filme The accused, qual o papel da maior emissora de TV do país no caso?
Nas cenas do dia seguinte, Monique dava indícios de que não sabia exatamente o que havia ocorrido na noite anterior. Intrigada, após ter sido chamada no confessionário, pergunta à Daniel o que, de fato, acontecera naquela noite. O brother nega o sexo, dizendo que foram apenas beijos e umas passadas de mão, e claramente se esquiva do assunto.
Monique, confinada em um reality show, sem contato com o mundo exterior, não sabe que o Brasil discute seu suposto estupro. Possivelmente violentada enquanto dormia, ela é também “violentada” pela produção do programa, quando esta se nega a informá-la exatamente sobre que está ocorrendo. Omissão grave, já que esta era a equipe a quem a participante confiou sua segurança, ao aceitar participar do programa, um ambiente teoricamente controlado e protegido por regras e parâmetros de bom senso, garantidores, ao menos, da integridade física dos jogadores. Entretanto, a produção se abstém de dizer o que de fato está acontecendo e deixa Monique, mais uma vez, à mercê de seu eventual algoz. Embora ela tenha direito à verdade, ela continua indefesa na escuridão, como a do quarto em que estava na noite de sábado, permanecendo também na insegurança das camas compartilhadas do programa. Daniel, já anteriormente acusado de ter se aproveitado de Mayara, segue ileso pelos corredores da casa e sequer é questionado pelos responsáveis do reality show. Monique parece ser vítima duas vezes.
Independente da posterior averiguação do caso e da condenação ou não de Daniel, existe um cúmplice a quem não se pode negar a culpa: a Rede Globo de Televisão. A emissora, na madrugada do domingo, reconheceu as evidências de um possível crime (no plantão de notícias do pay-per-view os responsáveis pelo programa escreveram que estava “rolando um clima”, mas que a “loira não se mexia”), se utilizou dessas evidências para alavancar o seu ibope, incitando os telespectadores a continuarem a assistir às cenas, mas, em momento algum, tentou (ou desejou) interromper o ato. No dia seguinte, diante da polêmica e dessas evidências, se absteve, ainda, de revelar à Monique o que ocorrera, negando assim o direito essencial da participante de decidir se devia prestar queixa à polícia ou não.  Os produtores, cúmplices da suposta violência, ao esconderem as cenas de Monique, negaram-lhe, entre outras coisas, o direito de realizar o exame de corpo de delito, instrumento fundamental na comprovação da agressão. E quem se responsabilizará por isso?
O histórico de barbaridades no BBB já não é novo, mas quais serão os limites do programa após um suposto estupro em cadeia nacional? Como será interpretada pelas autoridades públicas e pelos telespectadores a omissão da Globo diante do caso?  A emissora, de forma tirânica e desleal, seguiu com o espetáculo, reduzindo o episódio, através de seu fiel porta-voz, Pedro Bial, a “muito amor”. Através de uma edição impregnada de machismo e, por que não, de moralismos arcaicos, deixou Monique à mercê da situação e sequer prestou contas ao público, que ainda debate intensamente nas redes sociais a saída/punição de Daniel. Como uma concessão pública, que serviços à comunidade são prestados por essa emissora de TV? Qual a responsabilidade social da Rede Globo com seus telespectadores? Ou ainda a pergunta que nos atormenta a cada dia: o que tem sido e para quê tem servido a grande mídia no Brasil?
Nesse sentido, a pressão e as críticas dos brasileiros e telespectadores é cada vez mais fundamental na mobilização de forças não somente para a solução desse caso, mas também na construção de uma nova mídia.
Ana Flávia C. Ramos

Escola do MST tem a melhor nota no Enem em Abelardo Luz

Escola do MST tem a melhor nota no Enem em Abelardo Luz

22 de outubro de 2010
Por Ernesto Puhl
Do Jornal Sem Terra

Na Escola Semente da Conquista, localizada no assentamento 25 de Maio, em Santa Catarina, estudam 112 filhos de assentados, de 14 a 21 anos. A escola é dirigida por militantes do MST e professores
indicados pelos próprios assentados do município de Abelardo Luz, cidade com o maior número de famílias assentadas no estado. São 1418 famílias, morando em 23 assentamentos.
A escola foi destaque no Exame Nacional do Ensino médio (Enem) de 2009, divulgado na pagina oficial do Enem. Ocupou a primeira posição no município, com uma nota de 505,69. Para muitos, esses dados não são mais do que um conjunto de números que indicam certo resultado, mas para nós, que vivemos neste espaço social, é uma grande conquista.
No entanto, essa conquista, histórica para uma instituição de ensino do campo, ficou fora da atenção da mídia, como também pouco reconhecida pelas autoridades políticas de nosso estado. A engrenagem ideológica sustentada pela mídia e pelas elites rejeita todas as formas de protagonismo popular, especialmente quando esses sujeitos demonstram, na prática, que é possível outro modelo de educação.
A Escola Semente da Conquista é sinal de luta contra o sistema que nada faz contra os índices de analfabetismo e do êxodo rural. Vale destacar que vivemos numa sociedade em que as melhores bibliotecas, cinemas, teatros são para uma pequena elite.
E mesmo com todas as dificuldades a Escola Semente da Conquista foi destaque entre as escolas do Município. Este fato não é apenas mérito dos educandos, mas sim de uma proposta pedagógica do MST, que tem na sua essência a formação de novos homens e mulheres, sujeitos do seu processo histórico em construção e em constante aprendizado.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Forum Social Temático 2012

Fórum Social Temático 2012
Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental

O Fórum Social Temático (FST) se inscreve no processo do Fórum Social Mundial e será uma etapa preparatória a Cúpula dos Povos na Rio+20. O evento acontecerá do dia 24 a 29 de janeiro de 2012 e será sediado por Porto Alegre e cidades da região Metropolitana – Gravataí, Canoas, São Leopoldo, e Novo Hamburgo. Como um espaço aberto e plural, a programação do Fórum será fundamentalmente constituída por atividades propostas e geridas por movimentos, coletivos e organizações da sociedade civil, relacionadas ao tema “Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental”. Além disso, o Fórum acolherá também o encontro de redes internacionais, articuladas em torno de Grupos Temáticos de reflexão sobre assuntos pertinentes ao Fórum. O diálogo no âmbito dos grupos já está em andamento, na Plataforma de Diálogos do Fórum Social Temático .

Por que “Crise capitalista, Justiça Social e Ambiental?

(baseado nos documentos Convocatória ; Metodologia)
Um nível inusitado de atividade de movimentos de massas atinge países conhecidos por sua estabilidade social. Protestos e mobilizações indígenas produzem uma grande efervescência  na  usualmente  tempestuosa região andina. Estudantes em diversos países organizam atos com uma capacidade de mobilização há tempos não vista. Em 15 de outubro tivemos manifestações em quase mil cidades de 82 países.

A indignação com as desigualdades e injustiças políticas e sociais aparece como uma marca comum à maioria destes movimentos que questionam o “sistema” e o “poder”, se confronta com sua destrutividade e rompem com a passividade das décadas neoliberais.  Estes movimentos nascem das necessidades e aspirações do presente, dos efeitos das políticas recessivas que se alastram entre países ricos e estagnados pela crise, de manifestações contra práticas opressivas, de povos, comunidades, setores da sociedade que não se sentem representados por seus governantes e almejam políticas mais justas e solidárias, que respeitem todas as formas de vida.

Três anos após a pior crise econômica mundial desde a de 1929, três anos depois da enorme alta nos preços das commodities e dos alimentos pela especulação pelos gigantes das finanças, quatro anos depois do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) ter alertado para a urgência na transição para uma economia de baixo carbono, todos os problemas se arrastam sem perspectivas de solução, com os poderes estabelecidos apenas preocupados em manter os negócios como sempre. Nenhuma lição foi aprendida, nenhuma mudança estrutural foi feita, agravando os impasses que se acumulam em uma lógica suicida.

Na aparente ausência de outro paradigma de civilização, que a confronte, a inércia impera, e a máquina move-se com a mesma lógica de sempre. Na medida em que centenas de milhões de pessoas adentram à sociedade de consumo de massa e perseguem para si o modo de vida que o capitalismo estadounidense exportou como ideal de felicidade, elas demandam uma quantidade crescente de bens ostentatórios, criados dentro da lógica da obsolescência planejada, uso privado, desperdício e descartabilidade. E consomem cada vez mais recursos: energia, matérias primas, alimentos e serviços ambientais. Este crescimento prepara novas e futuras crises de combustíveis, matérias primas e alimentos; acelera as emissões de gases do efeito estufa e o aquecimento global. Frente a elas, o capital apenas pode acenar com ilusórias promessas de que inovações tecnológicas resolverão todos os problemas. E para garantir que nenhuma ameaça ao sistema possa florescer, a democracia é corrompida pelo poder do dinheiro ou, quando necessário, suprimida.

Porto Alegre e Região metropolitana serão, em 2012 o ponto de encontro d@s indignad@s, das expressões dos povos originários e dos movimentos anti-sistêmicos de todos os quadrantes, capaz de afirmar uma saída para a crise, tirando daí as diretrizes e campanhas globais. Afirmar e transmitir um paradigma alternativo de sociedade, construir um vocabulário comum capaz de articular as demandas difusas de grande parcela das populações são imperativos para que sejamos bem sucedidos. Compreendendo a necessidade de ampliar a pauta oficial, determinada pela ONU, para a Rio+20, o Comitê Organizador espera que a sociedade civil organizada aproveite o advento deste Fórum para construir uma reflexão estratégica e programática, capaz também de ser apresentada na Cúpula dos Povos na Rio+20, em junho de 2012, atraindo multidões para o Rio de Janeiro.

Qual a conexão deste Fórum com o processo do Fórum Social Mundial e das demais mobilizações em vistas à Rio+20?
O processo Fórum Social Mundial debateu em Belém, em 2009, e novamente em Dakar, em 2011, os grandes desafios de uma civilização global em crise (tanto no sentido de crise como de oportunidades) com o qual estamos confrontados. Discutiu também, de forma mais aprofundada, elementos da nova agenda política que os atores do processo FSM foram ressaltando ao longo do último período: a defesa dos bens comuns e do livre acesso ao conhecimento e à cultura, a centralidade da sustentabilidade social e ambiental em qualquer projeto alternativo, a economia do bem estar e da gratuidade, a busca do bem viver como propósito da vida, a organização do poder político em moldes plurinacionais e baseados na democracia participativa, a relação entre direitos e responsabilidades coletivas, o reordenamento geopolítico mundial e os problemas de governança que ele carrega, dentre outros elementos que formam uma agenda abrangente, mas não exaustiva, que foi acompanhada de inúmeros outros debates e diálogos com as propostas que com ela se cruzam.
Agora – frente a oportunidade representada pela Cúpula dos Povos da Rio+20 por Justiça Social e Ambiental– consideramos que o processo FSM deve oferecer sua contribuição para impulsionar sua preparação e auxiliar a consolidação de sua agenda, organizando um Fórum Social Temático, em Porto Alegre e Região Metropolitana, entre 24 e 29 de janeiro de 2012. Um Fórum que discuta a crise e as medidas emergenciais que tem que ser tomadas para assegurar a sobrevivência e o bem-estar de centenas de milhões de pessoas. Um Fórum que explore os caminhos para a afirmação de paradigmas alternativos à civilização industrial, produtivista e consumista e da agenda da transformação social que lhe corresponde. Um Fórum que aprofunde os laços entre os atores e atrizes comprometidos com esta pauta, mobilize-os para a ação, estimule sua convergência e auxilie sua participação efetiva na Cúpula dos Povos.

Consideramos esta iniciativa – na seqüência dos protestos contra o G20 em novembro, em Paris, e das atividades programadas pela sociedade civil por ocasião da COP 17, em Durban, na África do Sul, em fins de 2011 – decisiva para acumular forças e reforçar a preparação da Cúpula dos Povos da Rio +20.

Então eu já posso participar? O que devo fazer?
Sim!
Além da possibilidade de trabalhar na organização do Fórum, participando das plenárias e de coletivos de trabalho – para saber a agenda de reuniões, entre em contato com fstematico2012@gmail.com – e de se voluntariar a trabalhar durante o evento do Fórum, como indivíduo – clique aqui para acessar o Formulário de inscrição de voluntários [http://www.fstematico2012.org.br/index.php?link=48]  – existem ainda outras duas maneiras de participar:
  1. Organizando uma atividade autogestionada durante o Fórum. Veja o texto a seguir.
  2. Participando dos debates nos Grupos Temáticos, sobre assuntos relativos à temática em pauta. Veja o texto a seguir.
Para saber, acesse o documento sobre a Proposta Metodológica do Fórum Social Temático.  [http://dialogos2012.org/?p=340]


O que são atividades autogestionadas? Quem as promove? Como posso inscrevê-las?

Atividades autogestionadas são as que constituem a maior parte da programação de um Fórum Social. Como seu nome identifica, são ações organizadas por aqueles que as promovem. O Comitê Organizador do Fórum é responsável apenas por receber suas inscrições e definir o local e horário onde acontecerão, porém a preparação, programação, metodologia, materiais e tudo mais que for necessário para sua realização é de responsabilidade daquele que a inscreveu no Fórum.  Por valorizarmos a ação coletiva, de acordo com a Carta de Princípios do Fórum Social Mundial, as atividades deverão ser inscritas por grupos, e não por indivíduos. Coletivos, redes, instituições, organizações da sociedade civil organizada estão convidados a fazê-lo. A possibilidade de inscrição está aberta a todos, independente do grau de formalização do coletivo (pode ter ou não um CNPJ), ou de tempo de existência (podem ser coletivos formados com a finalidade de realizar uma atividade autogestionada). Ainda de acordo com a Carta, organizações que tenham finalidade lucrativa e/ou que sejam governamentais ou partidárias não poderão promover atividades. Seus integrantes podem participar como indivíduos apenas.

Sob a temática Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental, qualquer tipo de atividade pode ser realizada. O formato das atividades é aberto. Quem o definirá será seu proponente. Marchas, seminários, teatros, instalações, oficinas, aulas abertas... todas estas e outras mais já foram atividades autogestionadas e podem ser inscritas.
Para inscrever uma atividade, acesse o Formulário de Atividades Autorganizadas clicando aqui [http://www.fstematico2012.org.br/index.php?link=42].

O que são estes Grupos Temáticos de diálogo? Como posso acompanhar seus trabalhos e participar?
Os Grupos Temáticos são grupos virtuais de discussão acerca de assuntos relacionados ao tema “Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental”, que funcionarão por meio de um e-group, e de ferramentas e informações disponibilizadas na Plataforma de Diálogos do Fórum Social Temático.
Os Grupos são um espaço para que organizações, redes, movimentos e intelectuais da sociedade civil organizada possam aprofundar reflexões, construir conexões e elaborar propostas de ação e de documentos. Esta interação contínua no espaço virtual alimentará e será fortalecida por momentos de encontro presencial entre os membros destes grupos, sendo o Fórum Social Temático (em janeiro de 2012) e a Cúpula dos Povos na Rio+20 (em julho de 2012) eventos chave neste processo.

No momento, estão abertas as inscrições para os seguintes Grupos Temáticos: Água; Bens Comuns; Cidades Sustentáveis; Ciência e Tecnologia; Clima; Consumo; Educação; Ética; Extrativismo e Mineração; Governança e Arquitetura de Poder; Territórios, Auto-Governo e Bem Viver.
Para saber mais sobre os trabalhos dos Grupos Temáticos, acesse o menu Grupos Temáticos [http://dialogos2012.org/?page_id=33], na página http://www.dialogos2012.org/